A
abya yala
ou abiayala significa “Terra Madura”, “Terra Viva” para o povo Guna. É a extensão do território
nativo que ficou conhecido como América depois da invasão colonial de 1492.
aquilombamento
tecnologia social articulada a partir dos quilombos. aplicado no terreiro afetivo a partir da teorização da historiadora Maria Beatriz Nascimento, enquanto conceito manifestado nas práticas instauradas na comunidade (O conceito de Quilombo e a Resistência Cultural Negra, Beatriz Nascimento).
agricultura biodinâmica
movimento de agricultura orgânica que tem início em 1924 a partir de uma série de oito conferências ministradas pelo cientista e filósofo Rudolf Steiner, intencionando desenvolver uma paisagem cultivada sadia, onde a qualidade dos alimentos seja aprimorada a partir do cuidado com o solo.
O conceito é uma das bases de orientação cronológica para as práticas do terreiro afetivo a partir do calendário biodinâmico, levando em conta aspectos sazonais e edáficos de abya yala.
anti monocultura ou contra monocultura
conceito cunhado ao longo das práticas do terreiro afetivo, a fim de desarticular saberes eurocêntricos, abrindo espaço para outras estruturas de conhecimento e cosmotecnologias, especialmente no que diz respeito ao trato com a terra. se opõe ao conceito de monocultura praticado pelo agronegócio, propondo aberturas para as diversidades culturais vegetais, as memórias e os saberes que as acompanham, para uma relação anticolonial com a terra.
C
consórcio
plantação combinando culturas que se aquilombam num sistema agroflorestal.
cosmologia
termo de origem grega, designa o estudo do universo e de sua origem, orientado por aspectos astronômicos. os componentes cosmológicos investigados pelo terreiro afetivo relacionam a concepção ocidental estabelecida com as cosmospercepções originárias, em especial a Tupi. a observação e a sensibilização aos astros que dançam com a Terra na grande escuridão também são recursos da agricultura biodinâmica.
E
edáfico/edafologia
termo de origem grega, designa o que é relativo ou pertencente ao solo, bem como o estudo do solo por influência humana ou biológica. na favelinha a terra é feita de várias terras; logo, além de estudarmos um pouco do solo e sua memória mineral, tecemos poéticas edáficas com esta terra.
F
futurologia
aqui, diz respeito a como pensamos o impacto de nossa performance no mundo a longo prazo, e também ao lugar da imaginação e do sonho como ingredientes para a composição de ficções especulativas anti monoculturais na paisagem com o que temos hoje.
H
herbário
coleção dinâmica de espécies vegetais secas, sistematizadas para fins de pesquisa, entre outros. a ideia de herbário aplicada no terreiro afetivo se relaciona com os jardins crioulos do Caribe, com o ilê ibó, os assentamentos vegetais dos terreiros de candomblé e a Ka’a (floresta) Tupi, que consorcia cura, alimento e continuidade de vida, fundamentados numa relação direta com a terra e a ancestralidade. o que desenvolvemos por aqui trata-se de um herbário anticolonial.
R
retomada
a retomada é um processo de luta dos povos originários por suas terras, cuja ocupação, memória e importância foi e vem sendo negada continuamente pelo Estado brasileiro. a ideia de retomada foi introduzida no terreiro como um conceito que estabelece os vínculos do território com sua memória originária (Tamoio/Tupinambá) e, consequentemente, com as produções intelectuais e políticas dos povos originários da região atualmente reconhecida como Brasil.
notas cosmológicas
a lua influencia o elemento água e outros fluídos, mudando de fase a cada sete dias:
lua nova - sementes. da lua nova até a crescente, plantar ervas e plantas com ciclos de um ano.
lua cheia - frutas. da crescente até a cheia, plantar vegetais e frutas que crescem acima da terra.
da lua cheia até a minguante – plantas perenes, tubérculos e bulbos.
na fase minguante, a lua concentra sua influência no solo. plantar sementes e raízes.
nos últimos dias da fase minguante até a lua nova, mexer na terra. remover as plantas mortas e preparar o solo para novos crescimentos.
notas edáficas
receitas para desviar barricadas
para intervenções urbanas biodinâmicas
um punhado de tempo, dias de sol e de chuva, algumas sementes e mudas, as fases da lua, os pontos cardeais, a memória da paisagem e de seus seres compositores.
para criar um herbário local e coletivo
com um caderno, um lápis ou uma caneta, inicie um pequeno guia para identificação das plantas e árvores de sua vizinhança, escola e/ou casa. troque informações a respeito dos usos e das funções de cada cultura vegetal encontrada. compartilhe as informações colhidas, lembrando de atualizá-las após algum tempo.
redesenhar o mundo com sementes
escolha o local em que o plantio será realizado. atente-se para que este espaço seja de uso coletivo. converse com a vizinhança e colete mudas e sementes para então dar início ao desenho do plantio. leve em consideração as notas cosmológicas e edáficas, assim como as notas: agroecologia como intervenção urbana. inclua no desenho a memória vegetal e ancestral da paisagem e de cada pessoa envolvida no processo, consorciando camadas de tempo e biomas diversos.
contra monoculturas
perceba a diversidade na paisagem em que está inseride. perceba-se composição dela.